Estratégias para Enfrentar Ciberataques Atribuídos à China: Propostas de Ação para Portugal e União Europeia

Sete homens chineses foram acusados de realizar uma extensa campanha de ciberataques “maliciosos” desde há, pelo menos, 14 anos. A China já rejeitou as acusações dos EUA e Reino Unido de estar por trás de uma operação estatal de hacking visando milhões de pessoas em países ocidentais e que tinham como alvo políticos, as suas famílias e muitos organismos estatais e empresas de distribuição de água e energia e acusou os EUA e outros países de realizarem seus próprios ataques cibernéticos contra Pequim. Tanto o Reino Unido quanto os EUA culpam uma unidade cibernética estatal chinesa (o “APT31”) pelos ataques. O Reino Unido anunciou sanções contra dois indivíduos e uma empresa chineses, congelando os seus activos e impondo uma proibição de viagem.

O Reino Unido relatou ainda um ataque muito significativo à Comissão Eleitoral mas afirmou que a segurança das eleições não chegou a ser comprometida. Tanto o Reino Unido quanto os EUA prometeram continuar expor as actividades hostis contínuas de Pequim. Contudo, da União Europeia e, em particular, de Portugal que estão à beira de eleições europeias, nada de ouviu. Ou nenhum país europeu é alvo destas organizações chinesas (o que é altamente improvável) ou a Europa e Portugal estão a optar por não reagirem a estas agressões e intrusões.

Seria assim desejável que:

1. Sejam removidos todos os mails de todos os sites do Governo, CNE, órgãos do Estado, Assembleia da República (formulários de contactos com os deputados) e que todos os contactos com os cidadãos sejam feitos a partir de uma lista pré-determinada de domínios de mails de entidades “confiáveis” e converter estas comunicações em preenchimento de formulários onde a adição de anexos potencialmente perigosos ou a presença de URLs (http ou https) é proibida. As respostas dos cidadãos devem ser feitas através de um link presente em cada mensagem e não através da troca de mails por forma a não usar essa importante via de penetração nas redes.

2. Tanto o Parlamento Português quanto o Parlamento Europeu poderiam convocar audiências públicas para discutir as acusações de ciberataques atribuídas à China. Essas audiências permitiriam que especialistas em segurança cibernética, representantes do governo e membros da sociedade civil compartilhassem informações e perspectivas sobre a situação, possibilitando uma compreensão mais abrangente do impacto dos ataques e das medidas necessárias para enfrentar essa questão.

3. Os parlamentos português e europeu poderiam considerar a formação de uma comissão de investigação conjunta para examinar detalhadamente as alegações de ciberataques atribuídas à China. Essa investigação poderia incluir análises forenses de sistemas comprometidos, entrevistas com especialistas em segurança cibernética e cooperação com autoridades internacionais para reunir evidências adicionais. Os resultados dessa investigação poderiam ser usados para informar futuras políticas e ações contra o ciberataque.

4. Os parlamentos poderiam pressionar os governos português e europeu para coordenarem a adopção de sanções contra entidades chinesas e indivíduos envolvidos nestas actividades maliciosas. Estas sanções poderiam incluir restrições financeiras, proibições de viagens e outras medidas destinadas a responsabilizar os perpetradores e dissuadir futuros ataques cibernéticos.

5. Os parlamentos poderiam trabalhar em conjunto com os governos e o sector privado para fortalecer as capacidades de segurança cibernética em Portugal e, em geral, em todos os países da União Europeia. Isto poderia envolver investimentos adicionais em tecnologias de segurança, programas de conscientização cibernética e cooperação internacional para compartilhar informações e melhores práticas.

6. Os parlamentos poderiam instar os governos português e a Comissão Europeia a procurarem abordagens diplomáticas multilaterais para lidar com o problema dos ciberataques patrocinados pelo Estado chinês. Isto poderia incluir a promoção de normas internacionais de comportamento responsável no ciberespaço, a participação em fóruns de cooperação cibernética e o compromisso com parceiros internacionais para o desenvolvimento de respostas conjuntas aos desafios cibernéticos da actualidade.

Estas propostas visam propor uma acção coordenada e robusta para enfrentar os ciberataques atribuídos à China, protegendo os interesses de Portugal, da União Europeia e da comunidade internacional como um todo.

Enviada às Câmaras Municipais, Governo da República e aos partidos políticos portugueses com assento parlamentar.

Deixe um comentário