Se todos os cabos submarinos de comunicações na Zona Económica Exclusiva (ZEE) portuguesa forem cortados quase no mesmo momento (p.ex. através da detonação simultânea de minas), várias consequências poderiam ter lugar:
1. A primeira e mais imediata consequência seria a interrupção das comunicações internacionais. A maioria das comunicações de internet, telefonia e dados entre continentes depende de cabos submarinos. Isso resultaria num grande impacto na conectividade global, afetando tanto a Portugal quanto os países interligados por esses cabos.
2. As empresas que dependem de comunicações rápidas e confiáveis, incluindo bancos, empresas de tecnologia e comércio electrónico, seriam severamente afectadas. A economia portuguesa poderia sofrer perdas significativas devido à interrupção das operações comerciais e financeiras.
3. As comunicações militares e de segurança também passam através destes cabos. A perda destas ligações poderia comprometer a segurança nacional, dificultando a coordenação de operações de defesa e a resposta a emergências.
4. Serviços essenciais, tais como hospitais, serviços de emergência e infraestruturas de transportes, que dependem de comunicações fiáveis, também seriam impactados, potencialmente colocando vidas em risco.
5. A capacidade de Portugal de manter e proteger a sua infraestrutura crítica seria posta em questão, possivelmente afectando a sua reputação internacional e as relações diplomáticas do país com o estrangeiro.
6. Reparar os cabos submarinos é uma tarefa complexa e cara. Exigiria mobilização de navios especializados e poderia levar semanas ou até meses para ser concluída, dependendo da extensão dos danos e das condições do mar.

Para impedir que os cabos submarinos de comunicações sejam cortados na Zona Económica Exclusiva (ZEE) portuguesa, várias medidas preventivas e de segurança podem ser implementadas:
1. Utilizar tecnologia de monitorização submarina, com sensores e câmaras, para detectar actividades suspeitas em redor dos cabos. Sistemas de alerta precoce podem ser integrados para avisar as autoridades sobre possíveis ameaças.
2. Aumentar o patrulhamento naval nas áreas onde os cabos estão localizados. Navios e drones marítimos de longo alcance podem ser usados para vigiar e proteger as áreas críticas.
3. Implementar protecções físicas adicionais nos cabos, tais como revestimentos de aço ou outros materiais resistentes, para dificultar cortes acidentais ou intencionais.
4. Nas águas territoriais (22 Km): Estabelecer zonas de exclusão ao redor das áreas onde os cabos estão instalados, proibindo a navegação e a pesca nessas regiões criando penalidades severas podem ser aplicadas para quem violar essas zonas.
5. Trabalhar com outros países e organizações internacionais para aumentar a segurança e a proteção dos cabos submarinos. Isso pode incluir troca de informações, patrulhas conjuntas, novas tecnologias e melhores práticas.
6. Desenvolver e manter planos de contingência para restaurar as comunicações rapidamente em caso de danos aos cabos. Isto inclui ter equipamentos e equipas de reparações prontamente disponíveis.
7. Implementar sistemas avançados de detecção de anomalias p.ex. com recurso a satélites e drones aéreos de longo alcance que possam identificar actividades incomuns ou suspeitas ao longo do percurso dos cabos submarinos.

Adoptar uma abordagem multifacetada que combine tecnologias avançadas, vigilância, cooperação internacional e medidas de segurança robustas pode ajudar a mitigar os riscos e proteger os cabos submarinos de comunicações na ZEE portuguesa.

É preciso recordar que em julho de 2024 a OTAN expressou “graves preocupações” de que a Rússia possa ter minado infraestruturas submarinas críticas no Mar do Norte, de acordo com o The Times. As suspeitas baseiam-se em dados de empresas que operam torres de petróleo e gás, gasodutos, cabos de electricidade e telecomunicações.

Ainda não foi comprovada sabotagem em cabos holandeses ou belgas, mas explosivos foram encontrados num cabo britânico no início da crise ucraniana. Um navio de pesca russo e outros quatro navios têm agido de maneira “suspeita” perto de infraestruturas submarinas chave no Mar do Norte, possivelmente para fins de reconhecimento ou sabotagem.

Após as explosões de setembro de 2022 nos gasodutos Nord Stream 1 e 2, as ameaças aos cabos e gasodutos submarinos se tornaram foco dos serviços de segurança da Europa Ocidental. A OTAN teme um possível ataque russo aos cabos submarinos, que transportam cerca de 98% dos dados de internet e do tráfego telefónico mundial. Para além das comunicações e internet os gasodutos da Noruega, que fornecem gás natural ao continente, também estão sob ameaça russa.

Relacionado:
https://cidadaospelaciberseguranca.com/2024/07/01/cabos-submarinos-em-perigo-ameaca-russa-as-comunicacoe-em-portugal/

Uma resposta a “Protegendo a Linha Vital de Comunicação de Portugal: Uma Abordagem Abrangente para a Proteção de Cabos Submarinos na Zona Económica Exclusiva (ZEE)”

  1. Avatar de CPC Spoofing de AIS: Ameaças à Segurança Marítima e Propostas para Melhorar a Fiabilidade do Sistema – Iniciativa CpC: Cidadãos pela Cibersegurança

    […] Em meados de agosto de 2024 a Força Aérea Portuguesa enviou um dos cinco aparelhos de reconhecimento marítimo Lockheed P-3C CUP+ ORION numa operação de confirmação da presença de barcos de pesca chineses na ZEE nacional. A operação acabou concluindo que se tratava de um “falso alerta” e que os “16 navios com pavilhão da República Popular da China a sul da ilha das Flores, identificados no Marine Traffic por AIS terrestre” não estavam no local. O governo dos Açores acrescentou que seria um “caso de falsificação de dados do Sistema de Identificação Automática (AIS)”. Estas embarcações chinesas, identificadas como “navios de pesca” não apresentavam um comportamento aparentemente não compatível com atividades e operações de pesca” havendo a possibilidade de serem navios com missão aparente de pesca mas que, de facto, poderiam ter uso militar e estarem em operações de reconhecimento e pré-sabotagem dos cabos submarinos que ligam os EUA à Europa (ver https://cidadaospelaciberseguranca.com/2024/07/17/protegendo-a-linha-vital-de-comunicacao-de-portuga&#8230😉 […]

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