A autoridade de proteção de dados da Alemanha pediu à Apple e à Google que retirem a aplicação DeepSeek das respetivas lojas de apps. A razão? Transferência ilegal de dados de utilizadores europeus para a China.
Segundo Meike Kamp, Comissária alemã para a Proteção de Dados, a DeepSeek não conseguiu provar que garante aos cidadãos alemães um nível de proteção de dados equivalente ao exigido pela legislação da União Europeia.
A própria empresa admitiu armazenar grandes quantidades de dados pessoais em servidores localizados na China, onde as autoridades têm amplo acesso a informações detidas por empresas nacionais.
A comissária chegou a pedir que a aplicação fosse retirada voluntariamente da App Store e da Play Store. Perante a falta de resposta, contactou diretamente a Apple e a Google, que agora estão a analisar o pedido.
O caso alemão surge depois de, em Itália, a autoridade da concorrência ter aberto uma investigação à DeepSeek por preocupações com “alucinações” dos seus modelos de IA e tratamento de dados pessoais.
Recomendações da CpC:
1. Evite partilhar dados sensíveis: Não introduza dados pessoais identificáveis, como nome completo, morada, número de contribuinte, informações bancárias, dados de saúde ou documentos oficiais. Tudo o que escreve pode ser armazenado e analisado nos servidores da empresa.
2. Verifique a origem e jurisdição: A DeepSeek é uma empresa chinesa, e os seus servidores estão localizados na China — uma jurisdição que não oferece garantias de proteção de dados comparáveis ao Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD) da União Europeia. Os seus dados podem ser acedidos pelas autoridades chinesas. Parta do princípio de que tudo o que perguntar pode ser lido por terceiros.
3. Reconsidere o uso da aplicação até haver esclarecimentos: Dado o risco identificado pelas autoridades alemãs e italianas, é prudente evitar o uso da aplicação até que a situação legal e técnica esteja esclarecida e validada por uma autoridade independente. Se possível, remova temporariamente a app do seu dispositivo.
4. Apague o seu histórico de interações: Se já usou a DeepSeek, aceda à sua conta e apague o histórico de conversações e quaisquer dados armazenados. Verifique também se existe opção de eliminação total da conta e dos dados pessoais associados.
5. Revogue permissões e limpe dados armazenados: No seu telemóvel ou navegador, retire permissões como acesso ao microfone, localização, contactos e armazenamento. Limpe cookies e dados guardados no navegador, caso tenha usado a versão web da aplicação.
6. Prefira alternativas com garantias europeias: Sempre que possível, opte por usar modelos de inteligência artificial desenvolvidos por empresas sediadas em países com níveis de proteção de dados compatíveis com o RGPD. Há alternativas como ChatGPT, Claude, Mistral ou Aleph Alpha com políticas de privacidade mais transparentes.
7. Apoie a ação das autoridades de proteção de dados
A ação da Comissária para a Proteção de Dados da Alemanha tem fundamentos legais sólidos. Pode reforçar esta posição contactando a Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) em Portugal, alertando para os riscos da utilização da DeepSeek no contexto europeu.
Ler também:
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https://cidadaospelaciberseguranca.com/2025/01/31/as-perguntas-que-o-governo-chines-nao-quer-que-a-deepseek-ai-responda-alguns-conselhos-e-recomendacoes/

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