Enviada ao Governo da República:
“Senhor Primeiro-Ministro, considerando os riscos inerentes à utilização de redes Wi-Fi públicas, nomeadamente em hotéis, pode esclarecer se:
1. Garante que todos os seus dispositivos, incluindo telemóvel e computador, estão permanentemente protegidos por uma VPN segura?
2. Evita utilizar a rede Wi-Fi do hotel para comunicações e documentos sensíveis do Governo?
3. Avaliou-se o risco para a segurança nacional de ter o Primeiro-Ministro a residir temporariamente num hotel, onde comunicações e dados governamentais podem estar mais vulneráveis?
4. Não teria sido mais seguro manter residência oficial em São Bento, apesar das obras, para assegurar a máxima proteção das comunicações e da informação governamental?
Nota: procurando no Portal da Contratação Pública por “VPN” não encontramos ocorrências que indiquem que o primeiro-ministro ou alguns dos seus ministros utilizam, fora da rede local, serviços de VPN.
Riscos de o Primeiro-Ministro usar uma rede WiFi de um hotel:
1. As redes Wi-Fi públicas são vulneráveis a ataques man-in-the-middle, permitindo que hackers ou outros agentes maliciosos possam capturar comunicações do governo da República.
2. Cibercriminosos podem criar redes Wi-Fi falsas (“spoofing”) com nomes semelhantes ao do hotel, induzindo a conexão numa rede maliciosa sem o utilizador perceber (especialmente se este tiver um baixo nível de maturidade digital).
3. Redes públicas podem ser usadas para distribuir malware e keyloggers, comprometendo dispositivos e capturando credenciais ou informações estratégicas.
4. Mesmo em VPN, todos os dispositivos ligados neste tipo de redes podem estar expostos a tentativas de intrusão caso a rede tenha falhas de segurança ou actualizações por instalar.
5. As redes Wi-Fi de hotéis podem ser alvo de espionagem por governos ou organizações hostis que procuram acesso a dados estratégicos que poderão criar uma destas redes num dos quartos vizinhos à do Primeiro-Ministro com um nome semelhante à rede do hotel mas com captura de todos os pacotes (“sniffing”) que passem pelos seus dispositivos.
6. O uso de redes inseguras aumenta o risco de roubo de passwords ou acessos a plataformas governamentais.
7. Alguns hotéis possuem dispositivos inteligentes (ex.: TVs, câmaras) ligados à mesma rede, que podem ser vulneráveis a ataques e facilitar acessos não autorizados.
8. Qualquer falha na proteção das comunicações do Primeiro-Ministro pode comprometer a confidencialidade de decisões estratégicas para o país.”
Perguntado ao Primeiro-Ministro a 07.03.2025

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