
O Ministério da Saúde do Líbano informou que mais de 2.750 pessoas ficaram feridas, sendo que 200 estão em estado crítico, tendo oito falecido após a explosão de Pagers em várias regiões do país, incluindo o sul do Líbano e subúrbios ao sul de Beirute. A maioria dos feridos é composta por membros do grupo Hezbollah, conforme alega a agência Reuters.
Um repórter da Reuters, presente no subúrbio de Dahiyeh, em Beirute, viu dez membros do Hezbollah gravemente feridos. Entre as vítimas também estaria o embaixador iraniano no Líbano, Mojtaba Amani, de acordo com informações da agência Mehr News.
Num comunicado oficial, o Hezbollah informou que vários “dispositivos de comunicação conhecidos como pagers”, usados por membros de diversas unidades e instituições do grupo, explodiram.
Segundo algumas testemunhas afirmaram que os dispositivos tocaram antes de explodir (e de facto isso é audível em alguns vídeos), sugerindo que este foi o método utilizado para provocar as explosões.
Estes Pagers seriam uma aquisição recente como forma de evitar a localização dos militantes do movimento libanês por Israel sabendo-se que foi pela localização dos telemóveis que Israel conseguiu localizar e matar Fuad Shukr, um importante lider do Hezbollah.
Segundo algumas fontes o modelo em questão parecem Apollo Pager AR924, fabricados por uma empresa de Taiwan. Estes equipamentos têm uma bateria capaz de funcionar durante 85 seguios e são carregados por USB-C. A página do fabricante está, curiosamente, em baixo neste momento:
https://www.gapollo.com.tw/rugged-pager-ar924/
Contudo, outras imagens não mostram a marca “Apollo” estando em branco o local onde surge o nome do fabricante e o equipamento parece muito semelhante aos Pagers da Motorola LX2 pager pelo que pode ser um clone fabricante algures na China ou um modelo da Apollo que segue o Layout do LX2.
Estas detonações podem ter sido provocadas de várias formas:
1. Israel através de uma operação de espionagem teve conhecimento da compra dos Pagers a um fornecedor internacional, introduziu-se na cadeia de compras e a meio dessa cadeia logística substituiu os Pagers por Pagers adulterados introduzindo-lhes uma pequena carga explosiva e um mecanismo de relógio programado para um dia e hora específicos. É um método provável.
2. Israel inseriu uma carga explosiva (de 56.699 gramas) e adicionou um circuito de forma a que esta detonasse quando fosse recebida uma determinada mensagem de texto. A mensagem foi enviada às 1530 e a detonação aconteceu alguns segundos depois por forma a permitir que o membro do Hezbollah aproximasse o Pager do rosto maximizando assim o dano. Este é o método mais provável e depende também da introdução dos Pagers alterados na supply chain. Algumas fontes davam isto, a 18.09.2024 como certo.
2. Israel encontrou forma de enviar comandos para os pagers (teria que saber os números) para fazer os processadores sobreaquecer e levarem as baterias de litio a detonar (o que pode acontecer em altas temperaturas). Este método é muito improvável porque dificilmente é possível gerar esse tipo de processamento em equipamentos tão simples.
3. Israel conseguiu instalar um malware nos pagers para os sobreaquecer fazendo os processadores entrarem em loop até um ponto em que sobreaquecem a bateria. Método muito improvável dada a simplicidade dos sistemas operativos dos Pagers.
De notar que este caso recorda o incidente Stuxnet, um sofisticado ciberataque, atribuído aos EUA e a Israel, que visou e sabotou as centrífugadoras nucleares do Irão, usando um malware avançado para interromper o programa nuclear iraniano.

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