O Worldcoin é um projecto que oferece criptomoedas em troca de um scan da sua íris e hoje em dia encontramos captando utilizadores em muitas superfícies comercais do país. Apesar da promessa de uma renda básica universal e de um futuro digital mais equitativo, diversos especialistas alertam para os perigos que esta iniciativa pode trazer:

Riscos à privacidade:
Dados biométricos: A íris é um dado único e imutável. Se vender a sua digitalização a uma entidade isto significa que está a abrir mão de um elemento crucial da sua identidade e privacidade.
Termos e condições: O Worldcoin não é regulamentado e os seus termos de serviço permitem a utilização dos seus dados para diversos fins, nem sempre claros. Se a empresa abrir falência: os dados poderão ser comprados por um terceiro.
Segurança de dados: A empresa já foi alvo de tentativas de hacking (algumas com sucesso), e não há garantias de que os seus dados biométricos estão seguros a longo prazo ou que não foram já acedidos por hackers.
Etnia: A textura e a cor da íris podem indicar a origem geográfica de uma pessoa, como Europa, África, Ásia ou América e, em alguns casos, podem fornecer pistas sobre a etnia específica de uma pessoa, como descendência italiana, japonesa ou nigeriana.
Saúde: A íris pode apresentar sinais de doenças oculares como glaucoma, heterocromia, iridociclite e síndrome de Horner e diabetes, síndrome de Down e síndrome de Sturge-Weber ou, até, através de genes relacionados à cor dos olhos, doenças hereditárias indicar predisposição para certos tipos de tumores.

Riscos à liberdade:
Controlo centralizado: A Worldcoin alega ser uma identidade digital global, com potencial para controlar o acesso a serviços e recursos. Isto quer dizer que – se tiver sucesso – lhe poderá também barrar o acesso a esses serviços.
Manipulação e censura: A posse de dados biométricos por uma única entidade abre portas para manipulação e censura em larga escala se fizer algo que desagrade ou contrarie esta entidade.
Discriminação algorítmica: O uso de dados biométricos pode levar à discriminação e exclusão de grupos sociais uma vez que é possível obter muita informação a partir da íris (ver acima).

Riscos financeiros:
Valor da moeda: A Worldcoin é uma criptomoeda nova e volátil, sem garantia de valor futuro. Este risco – aliás – aplica-se a todas as criptomoedas.
Esquema Ponzi: Há o risco muito sensível de que a Worldcoin seja um esquema Ponzi, onde os novos utilizadores pagam os antigos.
Exploração de dados: O valor real da Worldcoin reside nos seus dados biométricos, que podem ser vendidos a terceiros para fins lucrativos.

Recomendações:
1. Evite participar do Worldcoin. Se já o fez, considere solicitar a exclusão dos seus dados (ver abaixo).
2. Seja cauteloso com qualquer projecto que exija seus dados biométricos.
3. Proteja a sua identidade digital e os seus dados pessoais.
4. Exija regulamentação e transparência de empresas que operam no mundo digital e da nossa Assembleia da República e Parlamento Europeu uma maior e mais rigorosa regulamentação e fiscalização.

Leia também:
https://time.com/6300522/worldcoin-sam-altman/
https://www.technologyreview.com/2022/04/06/1048981/worldcoin-cryptocurrency-biometrics-web3
https://worldcoin.org/privacy](https://worldcoin.org/privacy
https://www.newyorker.com/humor/daily-shouts/oops-worldcoin-lost-your-eyeballs#:~:text=As%20you’ve%20probably%20heard,heard%20the%20words%20%E2%80%9Ceyeball%2DI.D.

Uma resposta a “Worldcoin: Utopia Digital ou Distopia Biométrica?”

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